Powered By Blogger

sábado, 13 de maio de 2017

O que aconteceu no dia 14 de maio de 1888?





O que aconteceu no dia 14 de maio de 1888? A princesa Isabel sai de cena, no entanto, ficam em torno de  750 mil negros e negras alforriados sem nenhum amparo legal, ou medida protetiva e afirmativa por parte do Estado e das pessoas que detinham o poder, poder esse, sustentado pelo trabalho, até então imprescindível, desses negros e negras. O que aconteceu no dia 14 de maio de 1888? Era tempo de conseguir moradia, comida e trabalho, era tempo de conseguir sobreviver! As pessoas recém- libertas seguiram para os grandes centros ou se mantiveram nas suas propriedades de origem. “Não basta extinguir a escravidão, é preciso acabar com a sua obra” disse Joaquim Nabuco, um abolicionista do século passado. A lei foi assinada, mas a obra e os resultados da escravização não foram abolidos. 129 anos depois do dia 13 de maio de 1888, ainda são visíveis os resultados dessa obra: na mesma proporção que aumenta o homicídio de jovens negros (20%), diminui o homicídio de jovens brancos; mulheres negras tem menos acesso ao atendimento médico-ginecológico do que mulheres brancas; meninas negras na escola não recebem o mesmo afeto que as professoras demonstram às meninas brancas. A taxa de analfabetismo da população negra é mais do que o dobro da população branca. Hoje, oitenta por cento do trabalho escravo rural no Brasil é composto por homens negros, a maioria nordestinos. Ainda há trabalho escravo! Volta e meia esse tema vem à mídia. Antes os escravizados eram negros e negras, hoje outras etnias também figuram nesse cenário: bolivianos, peruanos, pessoas advindas da nossa América Latina; coreanos/as; haitianos; etc.  Homens, mulheres e crianças são escravizadas aqui, no nosso país! Pessoas não são só traficantes, mas traficadas, o tráfico humano existe e o Brasil se encontra na rota mundial deste tráfico. As principais vítimas? Mulheres e crianças. O principal motivo? A exploração sexual. Diferente dos navios negreiros, elas e eles agora são jogados em outros meios de transporte. Menos educação, menos oportunidade de trabalho digno, menos acesso à saúde, mais violência. Tudo isso ainda perpassa a população negra brasileira.  Para mulheres negras jovens e idosas, agora na condição de ex-escravas, está colocado mais um novo desafio para a sua sobrevivência e a reconstrução de suas vidas, da de seus filhos, de seus maridos, sobrinhos e netos. Agora livres, muitas não mais poderiam continuar nas fazendas de seus senhores; e aquelas que já estavam nas ruas trabalhando como ambulantes agora deveriam ampliar suas atividades.

Passariam a também ser lavadeiras, engomadeiras, passadeiras, amas de leite, babás, faxineiras, cozinheiras, confeiteiras, arrumadeiras, empregadas domésticas. Faziam isso muitas vezes em troca de um prato de comida ou um local em condições humilhantes e insalubres, para garantir a sobrevivência, não raro, em locais distantes de seus familiares.

A escravidão não acabou ali, mas se teve um motivo a mais para se perpetuar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário