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sábado, 2 de junho de 2018

O Mijo do Diabo

O mijo do diabo




A maior discussão do momento brasileiro é sobre o que fazer com o sonhado dinheiro do petróleo descoberto na costa brasileira. São bilhões de barris de petróleo para trilhões de reais do chamado pré-sal. Petróleo em abundância traz muitas conseqüências.
Dos 20 maiores exportadores de petróleo do mundo, 16 são ditaduras ou "reinos". Dois países, México e Venezuela, têm uma democracia meio torta. E a pobreza é característica desses países. Parece que somente a Noruega trilha a democracia.
Petróleo é considerado o mijo ou o excremento do diabo, provoca problemas na economia. O mais comum é a desindustrialização ou a chamada doença holandesa.
É que entra muito dinheiro no país exportador de petróleo. A moeda nacional se fortalece. É mais fácil comprar bens no exterior do que produzi-los. Além disso, os bens produzidos no país ficam caros e vende-se menos externamente. Mata a produção interna.
A Noruega deixa o dinheiro no exterior em um fundo para financiar a aposentadoria dos noruegueses. É a riqueza do petróleo em beneficio da maior parte das pessoas do país.
No Brasil tem tanta conversa sobre o que fazer com o dinheiro que encabula. Enumero algumas. O ministro da Previdência quer que parte dos recursos seja aplicada em aposentadoria rural. O ministro da Defesa fala em reaparelhar as Forças Armadas. Outros entendem que se pode abater a dívida interna ou a externa.
O presidente Lula já falou e investir em educação, nos estaleiros e em infra-estrutura. Disse ainda que não seria bom o país exportar petróleo bruto, mas sim diesel e gasolina. Tem gente com receio de o governo Lula começar a gastar o dinheiro do pré-sal antes mesmo de tirar o petróleo do fundo do mar. Venderia bônus futuro no mercado.
Essa nova situação que o Brasil vai enfrentar não é fácil de equacionar. Um professor de Harvard, em entrevista a uma revista brasileira, disse que não se pode trazer o dinheiro para dentro do país. Até em educação não se deve investir. O dinheiro seria usado somente em momentos de crises. Acha que o Brasil poderia é criar tecnologia própria para explorar petróleo em águas profundas e ganhar dinheiro com isso.
Não se sabe ainda o que o governo pretende fazer com o tal dinheiro que deve entrar no futuro. Não se sabe até qual seria o modelo para explorar esse petróleo. Uns acham que devia ficar com a Petrobras. Outros entendem que se deve criar uma nova estatal, Petrosal, só para gerir a exploração do petróleo novo descoberto.
A Noruega criou uma dessas com 60 funcionários somente. Se for criada uma estatal paralela os acionistas da Petrobras não vão gostar. Ninguém quer perder dinheiro. Pode ter ações na Justiça.
Fala-se ainda que o modelo de exploração poderia ser híbrido. Quem já tem concessão fica com a regra atual. Novos poços, já com novas regras, se teriam novas licitações mundiais. Seria através da Petrobras ou da tal de Petrosal? Ninguém sabe ainda.
E aí, deixamos todo o dinheiro no exterior e usa-o somente em momentos especiais? Ou se gasta no que o país precisa? Inundar o país de dinheiro trás conseqüências. Como compatibilizar isso? Tem um meio termo em que se pode gastar um pouco internamente sem provocar a desindustrialização? Ou segue-se o modelo da Noruega em que o dinheiro fica no exterior e é para aposentadoria?
É um debate que o país vai ter que enfrentar de forma transparente. Esta geração tem o dever de fazer a coisa correta para que outras gerações não sofram doídas conseqüências.

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