Renato Andrade: Diversionismo
é secretário de Redação
da Sucursal de Brasília (da FSP)
BRASÍLIA - A
reação tucana às acusações da Siemens, sobre suposto aval dado pelo governo de
São Paulo à formação de cartel para licitações de obras do metrô, revela uma
velha prática diversionista.
A estratégia, usada por todo o espectro
político brasileiro, é ignorar o conteúdo das denúncias e desqualificar a
origem das informações.
Os tucanos resolveram poupar a gigante
alemã --que delatou esquema do qual diz ter feito parte-- e dispararam petardos
contra o Cade, órgão responsável pela investigação de violações à livre
concorrência.
O conselho serviu de bode expiatório
para o governo federal petista, verdadeiro foco das críticas disparadas pelo
secretário-chefe da Casa Civil paulista, Edson Aparecido.
O subordinado do governador Geraldo
Alckmin acusou o Cade de ter se tornado "instrumento de polícia
política" e de fazer um "vazamento seletivo" de informações, com
o intuito de prejudicar o PSDB.
Tratar as denúncias da Siemens como uma
espécie de Fla-Flu político entre velhos rivais é um desserviço à população de
São Paulo, que conta com uma malha restrita de metrô e trens da CPTM
superlotados.
É claro o temor entre os tucanos que a
investigação, até agora restrita à formação do cartel, entre pelo caminho da
improbidade administrativa, o velho mundo da propina.
Não há provas, até o momento, que
sustentem acusações nesse sentido. Além disso, essa trilha, caso seja
identificada, não ficará sob a responsabilidade do Cade.
Todas as autoridades envolvidas na
apuração do cartel precisam prestar muito atenção ao que os executivos da
Siemens revelaram até agora.
A multinacional esteve no centro de um
dos maiores escândalos de corrupção da Alemanha, que gerou o pagamento de
multas bilionárias e a troca do comando da companhia.
Diante dessa história recente,
desclassificar o trabalho do Cade não parece ser uma grande ideia.


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