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domingo, 26 de setembro de 2010

Enquanto a paz não vem...

Relançadas há menos de um mês, com o patrocínio e a pressão dos Estados Unidos, as negociações entre Israel e os palestinos enfrentam seu primeiro grande desafio.
Termina neste sábado (25/09) a moratória israelense de dez meses sobre as construções nos territórios ocupados, onde 280 mil judeus vivem em 121 assentamentos, em meio a 2,5 milhões de palestinos.
Israel já descartou a prorrogação do congelamento, como exigem os palestinos para manter o diálogo. E embora o choque inevitável já venha se desenhando desde o reinício das negociações, predomina o suspense sobre o que acontecerá.
O certo é que um eventual colapso das negociações mergulhara o processo de paz num período de incerteza que poderá facilmente detonar uma nova onda de violência. Além disso, colocara em xeque a capacidade do presidente Barack Obama de igualar em ações sua ambição de ter um papel transformador no Oriente Médio.
As ultimas horas antes do fim do prazo foram gastas em intensos esforços da Casa Branca para evitar o descarrilamento precoce do dialogo. Seria um baque para o Partido Democrata do presidente Obama, a poucas semanas das eleições para o Congresso americano, em 2 de novembro.
A barganha exige dos mediadores americanos um contorcionismo diplomático para conciliar os dilemas de cada lado: o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, alega que sua coalizão de governo dominada pela direita nacionalista desmoronara caso o congelamento for mantido; Mahmoud Abbas, presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), arrisca sua legitimidade como representante dos palestinos se recuar da exigência de uma suspensão total de obras nos assentamentos.
O sigilo com que as negociações foram conduzidas até agora não animam ninguém a fazer apostas sobre o que acontecerá com as negociações a partir de amanhã.  Diplomatas geralmente envolvidos com o tema disseram que ate os assessores mais próximos de Netanyahu e Abbas estão no escuro, mas a maioria arrisca que o diálogo deve continuar.
Os fatos também confundem. Embora o congelamento esteja em vigor desde 25 de novembro, ele só vale para novas construções.
De fato, segundo dados do governo nenhuma obra foi iniciada nos assentamentos no primeiro trimestre do ano, contra 342 no mesmo período de 2009. Entretanto, a construção de 2.517 unidades habitacionais com licenças anteriores a moratória continuaram a todo vapor.
O grupo israelense Paz Agora revelou que 2066 construções estão prontas para ser iniciadas assim que acabar o congelamento. Para os colonos, porem, isso está longe de ser suficiente.
"Na prática estamos congelados há oito anos, porque o governo não disponibiliza terras para novas construções", disse à Folha de São Paulo o prefeito de Efrat, Oded Ravivi.
O assentamento de 9.000 habitantes fica no chamado "Gush Etzion", bloco de colônias que poderia ser anexado a Israel em troca de outros territórios, segundo uma fórmula que vem se consolidando para um futuro acordo.
"A nova geração está nos deixando, pois não tem onde morar", afirma o prefeito.
Para os palestinos, ao contrario, o congelamento não passou de uma ilusão de ótica, já que os tratores não pararam nos assentamentos. Qualquer construção em territórios ocupados por Israel em 1967, incluindo Jerusalém Oriental, afirmam, e uma afronta ao processo de paz.
"Como podemos negociar um acordo enquanto nossas terras continuam sendo confiscadas para a construção de colonias ilegais?", indaga o vice-ministro da Economia palestino, Abdel Hafiz Nofal. "Paz e assentamentos não combinam".

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