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domingo, 20 de outubro de 2013

Liberdade para TODOS os animais!

        A superação do antropocentrismo e nossa relação com os animais


"Amigo animal" é o título de um livro e também de um projeto de extensão em educação ambiental, de autoria da professora da UFSC Paula Brugger.

O livro, em sua Introdução, começa por defender uma concepção de mundo não-antropocêntrica, isto é, não centrada apenas no ser humano. Afirma que existem outras concepções, ecocêntrica, biocêntrica e zoocêntrica, cada uma capaz de preservar o respeito pelo ser humano, mas também capaz de estender o respeito a outras formas de vida, passando a reconhecê-las como fins em si mesmas e não objetos para uso alheio.

A origem desta nova concepção de mundo reside no pensamento sistêmico, do qual o cientista Fritjof Capra é um dos principais proponentes. O pensamento sistêmico, que também está associado à ecologia profunda, compreende, nas palavras de Paula Brugger, duas questões fundamentais: uma, que "no mundo em que vivemos, tudo está inextricavelmente inter-relacionado", e outra, que "nossas escolhas – tanto individuais quanto coletivas – ajudam a construir um determinado 'meio ambiente' em detrimento de outros possíveis". Ou seja, vivemos em contínua ligação com a natureza e os outros seres, e nossa capacidade de escolha privilegiada nos impõe uma imensa responsabilidade ética pelo impacto que nossas ações acarretam.

Paula Brugger cita Fritjof Capra, em uma passagem do livro "A teia da vida", onde ele reflete o sentido desta responsabilidade no âmbito da ciência:

"A ética ecológica profunda é urgentemente necessária nos dias de hoje, e especialmente na ciência, uma vez que a maior parte do que os cientistas fazem não atua no sentido de promover a vida nem de preservar a vida, mas sim no sentido de destruir a vida. Com os físicos projetando sistemas de armamentos que ameaçam eliminar a vida do planeta, com os químicos contaminando o meio ambiente global, com os biólogos pondo à solta tipos novos e desconhecidos de microorganismos sem saber as conseqüências, com psicólogos e outros cientistas torturando animais em nome do progresso científico – com todas essas atividades em andamento, parece da máxima urgência introduzir padrões 'ecoéticos' na ciência." (Capra, 1996, p. 28)

O livro "Amigo animal" revela que o pensamento antropocêntrico, ao negar nossa ligação ecológica e ética com os animais, contribui para sua exploração e sofrimento, imposto das mais diversas maneiras. Paula Brugger aborda, em especial, o abandono de animais nas cidades, a criação de animais para consumo como alimento e o uso de animais para produção de saber, onde aquelas ligações são esquecidas. Isto traduz uma situação em que alguns animais são considerados sem valor, e outros valorizados apenas na medida em que atendem a fins humanos. No final das contas, isso significa ignorá-los enquanto seres sencientes, dotados de interesses, de um modo de vida próprio e da capacidade de sentir.

Existe solução para este problema? É o que o livro aqui comentado investiga, nos aspectos mais gerais e mais específicos da questão. Hoje, a crise em nossa cultura, e especialmente em nossa relação com os animais, chegou em um nível extremo, mas sempre resta espaço para nutrirmos a confiança em tempos melhores. E aqui cabe citar Capra, que afirma:

"Há soluções para os principais problemas de nosso tempo, algumas até mesmo simples. Mas requerem uma mudança radical em nossas percepções, no nosso pensamento e nos nossos valores" (Capra, 1996, p. 23)

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