O tema da energia deve fazer parte da estratégia de luta popular do conjunto das organizações do Brasil e do mundo. A energia tem duplo caráter, é um bem de produção e bem de consumo ao mesmo tempo, por isso é tão especial e não possui dificuldade de comercialização.
A importância estratégica está na produção, relacionada à produção de valor. Na atual sociedade, é parte central da reprodução do capital, que a utiliza como forma de acelerar a produtividade do trabalho dos trabalhadores para gerar maior volume de valor (lucro), produzindo uma extraordinária concentração de riquezas nas mãos de poucos, à custa de uma brutal exploração dos trabalhadores da energia, do povo brasileiro e de nossas riquezas naturais. Portanto, tem importância estratégica no desenvolvimento das forças produtivas.
Em plena crise internacional, a energia é o que permite maiores e mais rápidos ganhos na produtividade do trabalho, por isso se torna o centro de disputa tanto para controle das fontes e reservas, quanto para controle das melhores tecnologias e de seus resultados.
Enquanto as demais tecnologias de geração de energia elétrica conseguem um rendimento médio de 30% (no máximo 50%), a hidroeletricidade é a tecnologia que tem alcançado rendimentos próximos a 90%, portanto a hidroeletricidade é a tecnologia que permite e permitirá por um longo período, a extração da mais-valia extraordinária, por isso seus potenciais se tornam tão disputados pelo capital internacional. A disputa pelo controle dos melhores locais de energia está e continuará no centro da conjuntura nacional e internacional por um longo período.
CARACTERÍSTICAS DO ATUAL MODELO ENERGÉTICO
O conceito de modelo energético tem significados diferentes para trabalhadores e setores empresariais. Para o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), "modelo" significa a política energética necessária ao desenvolvimento das forças produtivas e com a distribuição da riqueza à classe trabalhadora com adequada sustentabilidade ambiental e garantia da soberania nacional e energética.
Já para os setores hegemônicos, modelo energético refere-se às fontes/matrizes de produção da energia, porque estes setores já tem claro sua finalidade, a política energética visa responder à demanda do mercado, à voracidade das grandes corporações e a aceleração da produtividade do trabalho dos trabalhadores na produção para gerar o maior volume de valor para a acumulação privada.
A privatização do setor elétrico brasileiro representou a transferência do patrimônio público nacional e de um conjunto de trabalhadores altamente produtivos (empresas públicas, reservas estratégicas de energia e mais-valia social) para o capital privado. Nos anos 90 o capital privado recebeu mais de 150 empresas públicas dos setores siderúrgico, químico e petroquímico, elétrico, ferroviário, mineração, portuário, financeiro, gás, telecomunicações, informática, etc.
Além de parte acionária de várias empresas como Petrobrás, Eletrobrás, Cemig, Sabesp, etc., quem saiu perdendo foi o povo brasileiro, tendo que pagar tarifas altíssimas, com baixa qualidade dos serviços e perda de soberania. Os trabalhadores da energia sofreram e sofrem com demissões em massa, precarização e terceirização do trabalho, perda de direitos, diminuição de salários, intensificação do trabalho e aumento da jornada. E os atingidos sofrem com aumento da violação dos direitos e a criminalização.


Nenhum comentário:
Postar um comentário