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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A ilusão do ato de votar.


A ilusão do Voto.

Coletivo Anarquista Bandeira Negra

 Chegam as eleições e discursos pomposos de de­mocracia são feitos em todas as mídias. Candidatos as­sumem para si o dever de administrar e legislar o bem público, tudo em nome da democracia. Querem nos fazer acreditar que o maior símbolo de realização democrática é o exercício do voto e, é aqui que a democracia aparece para a população, é só aqui que a “democracia” invade a vida so­cial.
O sistema de representatividade, vigente nas eleições, é criado e mantido pelos grupos dominantes de nossa sociedade, os lacaios e exploradores do povo que des­sa forma mantêm seus próprios interesses, sejam políticos ou econômicos. É uma ilusão pensar que, um partido, alian­ça ou indivíduo possa, de fato, ser o mais fiel representante de milhares e milhares de pessoas. O que está em jogo é, na verdade, uma luta das elites pelo poder e o trabalhador não passa de uma mera marionete no meio dessa disputa.
Cada vez mais, a política passa a ser encarada com total descrédito pela massa. A cultura do delegacionismo – “eles farão por mim” – cria uma falsa ilusão de que a política é suja e deve ser praticada apenas pelos políticos profis­sionais, a “política para os políticos”.
O verdadeiro sentido das eleições não é o de levar adiante um processo democrático de inclusão e participa­ção popular, onde a população possa aumentar a sua par­ticipação nas esferas de decisão, mas o de representar um retrocesso e um distanciamento
 fazer política – este é o
 principal objetivo dos partidos envolvidos nesse processo, o logro das eleições com o número de votos.
Os partidos de esquerda, comumente chamados de populares, hoje encostam-se no muro da moderação, tor­nando-se conciliadores de classe. Alimentam a falsa espe­rança de que uma mudança de fato poderá ocorrer, caso se elejam alguns autodenominados representantes do povo. Em vez disso, apropriam-se da manutenção de um sistema eleitoral, político, jurídico, econômico e social totalmente controlado pelas elites.
No perfil das siglas, o que se observa, apesar de muitos partidos se considerarem da situação ou da oposição, é que o quadro permanece inalterado: quem sobe e quem desce faz parte de um jogo de dominação e exploração que necessita subsistir para sua continuidade, para a manuten­ção de um Estado que defenda os interesses dos poderosos e se apresente para o povo como democrático.
O atual regime, de usurpação e espoliação do tra­balho e da natureza, busca através do sufrágio universal sua legitimidade. A adesão de suas vítimas – cidadãos (dimen­são política) e trabalhadores (dimensão econômica), nos mecanismos do Estado, chancela o que este mesmo repre­senta: a tomada de posse do Poder pela classe dominante. Já dizia Sebastien Faure “O Estado é o guardião das fortunas adquiridas; é o defensor dos privilégios usurpados; ele é a muralha que se ergue entre a minoria governante e a multi­dão governada; é o dique alto e largo que põe um punhado de milionários ao abrigo dos assaltos que lhe lança a tor­rente agitada dos espoliados.”
Está aberta a caçada! Candidatos disputam com propostas, personalismo, estratégias de marketing, cada eleitor, ou melhor: cada voto. Pois basta olhar para o espe­táculo marcado por drama, comédia, farsa, do trágico ao sentimental, para perceber sua obsessão pelo voto. E ain­da proclamam que votar é realizar um dever sagrado. Mas sejamos justos: em alguns partidos que fazem parte desse jogo, impregnado de podridão, existem homens e mulheres honestos(as), que procuram de fato ajudar as suas comuni­dades ou os movimentos sociais que pensam representar. No entanto, além de somarem uma reduzidíssima quanti­dade, encontram-se perdidos no meio de tanta corrupção e falsos acordos e, se não acabarem incorporados ao esquema fétido, estarão reduzidos à impotência.
O período eleitoral, no lugar de representar um período democrático e de participação popular, representa de fato um pequeno período onde entregamos nosso poder de fazer política, de discutir as questões da cidade, do esta­do ou da nação e de decidir sobre elas, àqueles que se apre­sentam como políticos profissionais. Permitimos que eles decidam nossas vidas por nós, decidam sobre as creches, os hospitais, as escolas, sobre nossos salários, sobre o preço da nossa comida, nos roubem através de impostos e nos façam sustentá-los em seus palácios cheios de privilégios concedidos por nós.
Afinal, já dizia Elisée Reclus, geógrafo francês: “vo­tar significa abrir mão do próprio poder. Eleger um senhor, ou muitos senhores, seja por longo ou curto prazo, significa entregar a uma outra pessoa a própria liberdade” . Critican­do radicalmente o modelo atual de representatividade, vo­tar é legitimar as origens do Estado, é fortalecer seu poder, ser cúmplice de seus crimes. É delegar nosso poder de de­cisão a outros.
O sistema de eleição reflete um absurdo: acreditar que alguém possa emitir opinião e legislar sobre todas as questões: saúde, agricultura, transporte, comércio, indús­tria, educação, guerra, moradia, etc., e até mesmo sobre seu próprio salário (??!!). Permite que o banditismo e a cor­rupção façam parte do dia-a-dia da administração do bem público.
Não acreditar no jogo das eleições é apenas um passo que podemos dar, porém, para que ele seja efetivo de fato, devemos ir além e participar da vida política da cidade, de nossos bairros, de nossas escolas, hospitais, creches. Precisamos nos organizar, entre nossos pares e ir às ruas quando aumentam a tarifa de ônibus, o preço do pão, quan­do fecham nossas escolas, quando precisamos de mais hos­pitais, quando privatizam a saúde, a educação, etc.
Precisamos dar uma lição nesses políticos e esta lição vem das ruas, como demonstraram recentemente vários companheiros trabalhadores de outros países: na Argentina, após a era Menem, os panelaços derrubaram 5 presidentes em 2 semanas; na Bolívia, o povo enfrentoua privatização da água; no Equador, também foram desti­tuídos presidentes; mais recentemente, os povos árabes demonstraram sua capacidade de luta contra os velhos ditadores que, por anos exploravam o povo. Nos anos de 2004 e 2005, em Florianópolis, fomos às ruas e logramos a redução daquela tarifa que a prefeitura tentou impor. Isso é fazer política além do voto! A capacidade de mobilização popular gera uma força social que, se não contida pelos po­deres reacionários do Estado, pode causar sérios danos à estrutura de dominação e exploração.
Nosso poder está nas ruas, nosso poder é popular. Enquanto uns votam com os de cima, nós escolhemos lu­tar com os de baixo, o povo, aqueles que vivem sustentando essa injusta pirâmide social que representa a nossa socie­dade desigual e desumana.
Viva o Poder Popular!

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