Powered By Blogger

terça-feira, 14 de agosto de 2012

O indivíduo na Sociedade




Emma Goldman -  1869/1940



A dúvida reina no espírito dos homens, porque a nossa civilização treme nas suas bases.
As instituições atuais não inspiram mais confiança e os mais inteligentes compreendem que a industrialização capitalista vai ao encontro dos próprios fins que ela entendeu empreender.

O mundo não sabe como sair disso. O parlamentarismo e a democracia fraquejam e alguns acreditam encontrar uma salvação optando pelo fascismo ou por outras formas de governos fortes.

Do combate ideológico mundial sairão soluções para os problemas sociais urgentes que se colocam atualmente (crises econômicas, desemprego, guerra, desarmamento, relações internacionais, etc.). Ora, é destas soluções que dependem o bem estar do indivíduo e o destino da sociedade humana
O Estado, o governo com as suas funções e poderes, torna-se assim o centro de
interesses do homem que reflete. Os desenvolvimentos políticos que se têm dado em
todas as nações civilizadas levam-nos a colocar estas questões: Queremos um governo
forte? Deveremos preferir a democracia e o parlamentarismo? O fascismo, de uma forma
ou de outra, a ditadura quer seja monárquica, burguesa ou proletária - oferecerão
soluções para os males ou para as dificuldades que assaltam a nossa sociedade? Por
outras palavras, conseguiremos fazer desaparecer as taras da democracia com a ajuda de
um sistema ainda mais democrático, ou antes, deveremos resolver a questão do governo
popular com a espada da ditadura? A minha resposta é: nem com um nem com a outra.
Eu sou contra a ditadura e o fascismo, oponho-me aos regimes parlamentares e às
chamadas democracias políticas. Foi com razão que se falou do nazismo como de um
ataque contra a civilização. Poder-se-ia dizer o mesmo de todas as formas de ditadura, deopressão e de coação. Vejamos, o que é a civilização? Todo o progresso foi essencialmente marcado pelo aumento das liberdades do indivíduo em desfavor da autoridade exterior tanto no que respeita à sua existência física como política ou econômica. No mundo físico, o homem progrediu até submeter às forças da natureza e utilizá-las em seu próprio proveito. O homem primitivo dá os seus primeiros passos na estrada do progresso assim que consegue fazer brotar o fogo, reter o vento e captar a água, ultrapassando-se a si próprio.
Que papéis tiveram a autoridade ou o governo neste esforço de melhoramento, de
invenção e descoberta? Nenhum, ou antes, nenhum que fosse positivo. É sempre o
indivíduo que consegue o êxito, apesar, geralmente, das proibições, das perseguições e da intervenção da autoridade, tanto humana como divina.
Do mesmo modo do domínio político, o progresso consiste em afastar-se cada vez mais da autoridade do chefe da tribo, do clã, do príncipe e do rei, do governo e do Estado.
Economicamente, o progresso significa mais bem-estar para um número sempre
crescente. E culturalmente, é o resultado de tudo o que se consegue para, além disso,
independência política, intelectual e psíquica cada vez maior.
Nesta perspectiva, os problemas de relação entre o homem e o Estado revestem um
significado completamente novo. Não se trata mais de saber se a ditadura é preferível à democracia, se o fascismo italiano é superior ou não ao hitlerismo. Uma questão muito mais vital se coloca, então, a nós: o governo político, o Estado, será proveitoso à
humanidade e qual é a sua influência sobre o indivíduo?
*

Nenhum comentário:

Postar um comentário